REFLEXÃO SOBRE O MOVIMENTO ALTERNATIVO DE MARITUBA

Por> Cybernic

Marituba ao longo dos anos produziu e mostrou em seus seios que tem vocação para artes e para a vanguarda na chamada “região metropolitana”. Suas bandas, seus grafiteiros, poetas, tem na capital e fora dela um respaldo histórico que merece respeito. Justamente desse aglomerado que insiste em ser disperso mas que detém uma riqueza de pensamentos e postura que nasceu o Movimento Alternativo de Marituba. Mas o que é o Movimento Alternativo de Marituba? E, sobretudo, quais suas ações de fato pela cidade, quais seus projetos e são alternativos a que?

Não poderia responder tais questionamentos, mas poderia dizer que a cidade merece e precisa de movimentos assim, mas não como apenas uma nomenclatura e sim com fatos que se não mudam a vida das pessoas, pelo menos interfiram na sua rotina cotidiana.

Nos últimos anos, o MURO (onde um complexo de pequenas lanchonetes), ao lado da caixa d água na praça da matriz se tornou um símbolo desse alternativismo centralizado na figura do artista.

O que significa o artista? Será ele mais importante que sua obra no âmbito da arte? Minha resposta é NÃO.

Para se poder trazer noção à luz da arte contemporânea, evidenciamos dezenas de movimentos, coletivos, grupos, performms, grupos ativistas, grupos espalhados pela grande rede e pelos arredores das cidades resistindo a tentação de ser artista e sim ser antes de tudo pessoas que dialogam com sua própria realidade. Diversas linhas dispostas ao desequilíbrio. A Arte de rua ganhou seu papel de destaque, sobretudo em países de terceiro mundo mas não só eles, vide o Culture Jammers no Canadá e os grupos de boicote como Yamango em Paris e Hcktvismo como o Microfobia em Curitiba.

A reflexão toma o seu direcionamento essencial: Qual o papel que o Movimento Alternativo de Marituba desempenha para as pessoas da cidade que não seja o de promover uma “festa” anual na praça central para mostrar que os artistas existem? Existem onde? Para si mesmos?.

Clichês centrais devem ser expostos: Ego é um deles. Ou se coloca o orgulho e os narcisismos intelectuais bem de lado e se trabalha com cooperação e colaboração entre todos os artistas (ok não necessariamente todos mas aqueles que querem mudanças) e se traça planos de ações, organizações para oficinas, exposições, interferências que realmente tenham e mereçam alguma atenção daquelas pessoas que pouco estão interessadas na “arte” ou se espera o amadurecimento de uma nova geração disposta a romper com os paradigmas e que queria se organizar para desorganizar a máquina da alienação em todas as suas esferas.

Há de se esperar mais quanto tempo?

Enquanto a Movimento Alternativo de Marituba, continuar, se levando a sério demais – ao ponto de viver apenas com o nome - e não fazer uma reflexão sobre quais as verdadeiras razões do movimento, o que veremos é mais um ano se passando, a cidade tomada por drogas diversas e cultura do velho pão & circo na praça e artistas saindo por seus poros (porque a arte gosta desse sujeira e desse caos) mas ficando ali, restritos, como movimento.

Se por acaso branda-se aos quatro cantos que somos alternativos e fazemos resistência ao estado de coisas que querem nos engolir, ao ficarmos na inércia da não-ação e apoiados em nossos próprios umbigos “artísticos’’ seremos tão ou mais alienadores e alienados que aquelas pelo qual queremos ser a alternativa.

Arte que encontre o seu lugar?

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