Observatório: Marituba, 77,2% vivem em aglomerados

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Em Marituba, 77,2% das pessoas vivem em favelas; Belém tem mais da metade da população vivendo em aglomerações

Localizada a pouco mais de 11 quilômetros da capital Belém, a pequena Marituba tem a maior proporção de moradores em favelas de todo o País. De 108 mil habitantes, 77,2%, ou em torno de 83,3 mil, moram em invasões. Coincidentemente, Marituba é considerada “cidade dormitório” da capital mais “favelada” do País, Belém onde pouco mais da metade de seus habitantes residem em invasões, segundo o estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta quarta-feira.

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A população residente em invasões em Marituba significa, por exemplo, 20% a mais que os habitantes da Rocinha, a maior favela do país. Marituba é uma das mais jovens do Pará. Nasceu em 1994, emancipado do vizinho Ananindeua, ambos na região metropolitana de Belém.

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Apesar de ser um dos menores municípios do Pará, com 111,09 km² de área, tem a terceira maior taxa de densidade demográfica do Estado com 443,24 habitantes por km².

Pelo crescimento da capital do Estado, Marituba tornou-se uma espécie de “cidade dormitório”. Sem indústrias, a economia de Marituba depende basicamente do setor de serviços e seus moradores tem seus empregos em Belém. Uma situação parecida com a de Olinda, em Pernambuco. Município que também depende economicamente da capital, Recife.

Marituba, com o tempo, tornou-se uma opção barata de moradia principalmente para a classe média baixa. Exemplo: um aluguel de um apartamento de classe média no Centro de Belém, com dois quartos, saí por volta de R$ 700. Em Marituba, um imóvel semelhante saí por metade deste valor.

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A cidade com a segunda maior proporção de moradores em favelas é Vitória do Jari, no Amapá, distante 180 quilômetros da capital, Macapá. Lá, 73,7% da população mora em invasões. No entanto, Vitória do Jari tem apenas 12,2 mil moradores. Destes, 9 mil em favelas. A quarta cidade mais favelada é a mãe de Marituba, Ananindeua. Em Ananindeua, 61,2% da população mora em favelas: um universo de 288 mil pessoas.

Belém

Belém é a quarta cidade e a capital mais com maior proporção de pessoas morando em favelas do país: 54,5% dos moradores da capital paraense, ou 758 mil habitantes, residem em invasões. A capital com a segunda maior proporção é Salvador com 3,1% de sua população. Um detalhe curioso sobre Belém, Marituba e Ananindeua: a concentração de favelas é tão grande nestas cidades que é absolutamente comum encontrar condomínios de luxo rodeados por invasões.

Foto: Divulgação

Concentração de favelas em Belém

Belém e cidades da região metropolitana como Ananindeua e Marituba, segundo gerente de recursos naturais do IBGE no Pará, Pedro Edson Bezerra, tem características de formação de favelas muito parecidas. Ele acredita que com o avanço urbano de Belém, formou-se no centro da capital paraense um cinturão de serviços públicos que afastou as pessoas para as baixadas e áreas fora desse cinturão de serviços.

Pela configuração geográfica de Belém, é como se a cidade crescesse rumo à região leste, onde estão situadas Ananindeua, Marituba, entre outras. “Com o tempo, a população procurou regiões que fogem da chamada terra firme e assim se formaram esses aglomerados subnormais (favelas) em Belém”, explicou Bezerra. “Fatores com alto preço do metro quadrado de terreno em Belém, acredito que um dos mais caros do país e o alto déficit habitacional também influenciam na formação destes aglomerados em Belém”, pontuou Bezerra.

As dez cidades com a maior proporção de moradores em favelas:
Marituba (PA) 83.368 - 77,2%
Vitória do Jari (AP) 9.044 - 73,7%
Ananindeua (PA) 288.611 - 61,2%
Belém (PA) 758.524 - 54,5%
Cabo de Santo Agostinho (PE) 87.990 - 47,7%
São José do Ribamar (MA) 72.987 - 44,8%
Laranjal do Jari (AP) 16.210 - 40,7%
Cubatão (SP) 49.134 - 41,5%
Iranduba (AM) 14.840 - 36,4%
Angra dos Reis (RJ) 60.009 - 35,5%

ALERTA: Audiência Pública debate instalação de Central de Tratamento de Resíduos em Marituba

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Agência Pará de Notícias

A II Audiência Pública de apresentação do Relatório de Impacto Ambiental para a construção em Marituba da Central de Processamento e Tratamento de Resíduos Classe II - projeto constituído por um aterro sanitário e instalações de apoio, para recebimento e destinação final de resíduos sólidos urbanos - de responsabilidade da empresa Revita Engenharia Ltda, contou com grande participação popular, 280 pessoas inscritas, na Associação Pan-Amazônia Nipo-Brasileira, em Belém, nesta terça-feira, 7.

A ação, provocada pelo Ministério Público, possibilita à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), responsável por licenciar o empreendimento, uma quantidade significativa de informações que serão úteis para a viabilidade técnica e ambiental do empreendimento. O promotor de Justiça do Ministério Público do Pará, Raimundo Moraes, parabenizou a Sema pela iniciativa de programar várias audiências em diferentes municípios. “É um dever constitucional do MP trabalhar para que as decisões sejam tomadas com a maior participação da população. Uma audiência pública não é um ritual vazio, ao contrário, pois dá mais consistência à decisão, assim, a empresa lucra, pois sai legitimada”, explicou.

O secretário adjunto da Sema, Rubens Sampaio, que presidiu a mesa, explicou à plenária que a audiência não possuía caráter deliberativo, era o momento de conhecer o empreendimento e esclarecer todas as dúvidas. Informou, ainda, que a participação popular era imprescindível para a coleta de informações que irão subsidiar a equipe técnica da Sema. “As manifestações podem ser de forma oral ou escrita, vocês podem fazer perguntas, criticar, dar sugestões, é só se inscrever”, explicou.

Além do secretário Rubens Sampaio e do promotor Raimundo Moraes, compuseram a mesa o Diretor interino de Licenciamento Ambiental da Sema (Dilap), Luiz Flávio Bezerra; a promotora de Justiça de Marituba, Herena Maués de Melo; o representante da Revita, o engenheiro civil Paulo Leal e o geógrafo Antônio França, representante da empresa Ampla, a responsável por elaborar o Relatório de Impacto Ambiental (Rima).

O projeto atende a legislação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que dá aos municípios o prazo limite até 2014 para regularizar os lixões a céu aberto. Essas áreas só receberão resíduos classe II, ou seja, domésticos e não perigosos, que não oferecem risco de contaminação para pessoas, animais e meio ambiente. Com tecnologia de ponta, mecanismos de controle farão a drenagem de gases e águas superficiais para evitar o odor que atrai animais. A área selecionada para o aterro tem 110 hectares, o que equivale a 271 campos de futebol. Terá vida útil de mais de 15 anos e capacidade para receber 1900 toneladas de resíduos por dia, uma média de 116 caminhões repletos de lixo.

A análise do Ministério Público confirmou que a área é antropizada, descaracterizada de seus aspectos naturais e que a construção do aterro terá baixo impacto na fauna e flora. No entanto, questionou os possíveis impactos à vizinhança, já que o local faz fronteira com uma Unidade de Conservação de Proteção Integral.

Interessados em colaborar terão ainda um prazo de 10 dias, contados a partir da realização da audiência, para enviar à Sema  comentários, sugestões e manifestações. Essas contribuições serão anexadas ao processo. A próxima audiência será nesta quinta-feira, 9, no Centro Cultural de Formação Cristã da Arquidiocese de Belém, em Ananindeua.

REFLEXÃO SOBRE O MOVIMENTO ALTERNATIVO DE MARITUBA

Por> Cybernic

Marituba ao longo dos anos produziu e mostrou em seus seios que tem vocação para artes e para a vanguarda na chamada “região metropolitana”. Suas bandas, seus grafiteiros, poetas, tem na capital e fora dela um respaldo histórico que merece respeito. Justamente desse aglomerado que insiste em ser disperso mas que detém uma riqueza de pensamentos e postura que nasceu o Movimento Alternativo de Marituba. Mas o que é o Movimento Alternativo de Marituba? E, sobretudo, quais suas ações de fato pela cidade, quais seus projetos e são alternativos a que?

Não poderia responder tais questionamentos, mas poderia dizer que a cidade merece e precisa de movimentos assim, mas não como apenas uma nomenclatura e sim com fatos que se não mudam a vida das pessoas, pelo menos interfiram na sua rotina cotidiana.

Nos últimos anos, o MURO (onde um complexo de pequenas lanchonetes), ao lado da caixa d água na praça da matriz se tornou um símbolo desse alternativismo centralizado na figura do artista.

O que significa o artista? Será ele mais importante que sua obra no âmbito da arte? Minha resposta é NÃO.

Para se poder trazer noção à luz da arte contemporânea, evidenciamos dezenas de movimentos, coletivos, grupos, performms, grupos ativistas, grupos espalhados pela grande rede e pelos arredores das cidades resistindo a tentação de ser artista e sim ser antes de tudo pessoas que dialogam com sua própria realidade. Diversas linhas dispostas ao desequilíbrio. A Arte de rua ganhou seu papel de destaque, sobretudo em países de terceiro mundo mas não só eles, vide o Culture Jammers no Canadá e os grupos de boicote como Yamango em Paris e Hcktvismo como o Microfobia em Curitiba.

A reflexão toma o seu direcionamento essencial: Qual o papel que o Movimento Alternativo de Marituba desempenha para as pessoas da cidade que não seja o de promover uma “festa” anual na praça central para mostrar que os artistas existem? Existem onde? Para si mesmos?.

Clichês centrais devem ser expostos: Ego é um deles. Ou se coloca o orgulho e os narcisismos intelectuais bem de lado e se trabalha com cooperação e colaboração entre todos os artistas (ok não necessariamente todos mas aqueles que querem mudanças) e se traça planos de ações, organizações para oficinas, exposições, interferências que realmente tenham e mereçam alguma atenção daquelas pessoas que pouco estão interessadas na “arte” ou se espera o amadurecimento de uma nova geração disposta a romper com os paradigmas e que queria se organizar para desorganizar a máquina da alienação em todas as suas esferas.

Há de se esperar mais quanto tempo?

Enquanto a Movimento Alternativo de Marituba, continuar, se levando a sério demais – ao ponto de viver apenas com o nome - e não fazer uma reflexão sobre quais as verdadeiras razões do movimento, o que veremos é mais um ano se passando, a cidade tomada por drogas diversas e cultura do velho pão & circo na praça e artistas saindo por seus poros (porque a arte gosta desse sujeira e desse caos) mas ficando ali, restritos, como movimento.

Se por acaso branda-se aos quatro cantos que somos alternativos e fazemos resistência ao estado de coisas que querem nos engolir, ao ficarmos na inércia da não-ação e apoiados em nossos próprios umbigos “artísticos’’ seremos tão ou mais alienadores e alienados que aquelas pelo qual queremos ser a alternativa.

Arte que encontre o seu lugar?

 
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